Em Outubro de 1967, milhares de pessoas marcharam em Washington para protestar contra a Guerra no Vietnã. A multidão, em sua grande maioria pacífica, se instalou em frente ao Pentágono, usando das mais variadas estratégias para se manifestar. Muitas das características do novo pensamento crítico e dissidente nos EUA da década de 1960 se encontraram nessa manifestação.

Diferentemente da "Velha Esquerda", a "Nova Esquerda" dos anos 1960 fazia um uso comedido do jargão marxista na crítica à maneira como a sociedade estadunidense se organizava. O inimigo era agora o "sistema", que se materializava em certos padrões culturais marcantes do modo de vida americano como a mídia que padronizava costumes e desejos, ou instituições públicas tradicionais que bloqueavam a politização da juventude. A politização da juventude ocorreria, de maneira especial, em torno da insatisfação com a Guerra do Vietnã, um conflito que dividia as opiniões no país. Enquanto parte da sociedade considerava um ato de patriotismo apoiar a ida dos soldados estadunidenses à guerra, outra apontava que a defesa da pátria exigia ações da sociedade civil contra uma guerra injusta, que abalava a confiança dos cidadãos em suas autoridades.

Entretanto, o cenário do fim da década mostrou que essas insatisfações não seriam recebidas de forma pacífica. A violência se mostrou na repressão feita ao movimento negro, nas mortes de Martin Luther King e do líder progressista Robert Kennedy, assim como no uso força militar contra os movimentos dissidentes. Ao mesmo tempo, novas bandeiras ganharam visibilidade a partir das mobilizações da dentro dessa "Nova Esquerda", tais como as causas feminista, gay, ambiental, indígena, de trabalhadores imigrantes, entre outras.

Que elementos são fundamentais para entendermos a história das esquerdas estadunidenses na década de 1960? Como a Nova esquerda se diferencia das velhas esquerdas do país? Qual a importância da declaração de Port Huron e quais características daquela sociedade incomodavam os jovens ativistas dos anos 1960 nos EUA? Por que a Guerra do Vietnã aglutinou diferentes grupos e ao mesmo tempo dividiu opiniões nos EUA? 

Para respondermos essas e outras questões, convidamos o professor Rodrigo Farias de Sousa da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O episódio já está disponível nas principais plataformas de podcast e também em nosso canal no YouTube. Esperamos que gostem do programa e deixem suas opiniões, sugestões e críticas! Também não esqueçam de nos seguir em nossas redes sociais. 

Dicas e Links

Livro "Rastejando até Belém", de Joan Didion (1968)                                                                    Documentário "Gimme Shelter", de Albert Maysles, David Maysles, Charlotte Zwerin (1970)  Documentário "Wattstax", de Mel Stuart (1973)                                                                            Documentário "Summer of Soul", de Questlove (2021)

Conheça nosso entrevistado

Rodrigo Farias de Sousa é pesquisador e, desde 2018, professor de História da América no Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atua na área de história contemporânea e dos Estados Unidos e interessa-se especialmente pelo estudo das esquerdas norte-americanas a partir dos anos 1960 e os novos movimentos culturais e sociais que proliferaram neste momento.
Rodrigo de Sousa também é graduado em comunicação social (jornalismo) e atuou como professor no ensino básico e como professor auxiliar no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ/ Universidade Candido Mendes), entre 2007 e 2016. Foi professor substituto em História da América no Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IH/UFRJ), no período 2010-2011 e em 2019 fundou a Rede de Estudos dos Estados Unidos (REEUA). Nosso convidado é ainda autor de diversos artigos e publicou sua tese de doutorado: A Nova Esquerda americana: De Port Huron aos Weatherman como livro no ano de 2009