Em 1979, caia o governo ditatorial da Família Somoza, que durou 42 anos. O grupo responsável foi a Frente Sandinista de Libertação Nacional, a FSLN. Criada entre os anos de 1961 e 1963, a FSLN reuniu diversos nomes do antigo Partido Socialista Nicaraguense. Sob o forte impacto da Revolução Cubana, teve seu nome inspirado na Frente Nacional da Argélia, que lutou contra o colonialismo inglês. O nome "Sandinista" foi acrescentado para vincular a Frente a Augusto Cesar Sandino.
Sandino foi um trabalhador de origem humilde, nascido na Nicarágua em 1895. Deixou sua terra natal em busca de melhores condições de vida. Depois de percorrer alguns países da América Central, chegou ao México, onde teve contato com as ideias comunistas, anarquistas, nacionalistas e anti-imperialistas.

Em 1926, Sandino se envolveu na guerra civil na Nicarágua, no qual o país foi ocupado pelos Estados Unidos. Sandino liderou uma guerra de guerrilhas para a expulsão dos fuzileiros navais norte-americanos. Após sua vitória, Sandino desarmou o exército, porém em 1934 foi emboscado pela Guarda Nacional e assassinado. O líder dessa Guarda era Anastasio Somoza García, que inaugurou uma ditadura familiar no país.

A figura de Sandino é retomada pela FSLN nos anos de Revolução, principalmente pelo mentor intelectual Carlos Fonseca. Para ele, o nacionalismo de Sandino e o marxismo de Che Guevara eram aplicáveis ao socialismo que a FSLN buscava. No poder, e tendo que lidar com um país em crise econômica e social, os sandinistas colocaram em prática seu programa revolucionário de governo – que incluía a nacionalização de propriedades dos Somoza, a extinção da Guarda Nacional, a criação de Comitês de Defesa Sandinista, a promoção de campanhas de alfabetização e brigadas da saúde.
Já a oposição, formada por contrarrevolucionários, temiam que a Nicarágua se tornasse uma "Nova Cuba". Em 1986, no caso conhecido com Irã-Contra, o governo de Ronald Reagan foi acusado de financiar grupos guerrilheiros na Nicarágua, com o objetivo de derrubar o governo socialista no país.

Em 1990, o governo Sandinista perdeu as eleições para a coalizão UNO (União Nacional Opositora), só retornando ao poder em 2006, com Daniel Ortega, que permanece no poder até os dias de hoje. Entretanto, seu governo está repleto de métodos autoritários e medidas contra oposição questionáveis, sendo acusado de estabelecer uma ditadura familiar similar a que os sandinistas um dia derrubaram.

Como surgiu e se organizou a FSLN ao longo do tempo? Como se deu o enfrentamento entre as forças revolucionárias e a ditadura somozista? Quais as contradições, as relações de força e os traumas históricos produzidos pelo processo revolucionário nicaraguense? Qual é a situação da Nicarágua nos dias de hoje? Para responder a estas e outras questões, convidamos Fred Maciel, professor de História da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR).

O episódio já está disponível nas principais plataformas de podcast e também em nosso canal no YouTube. Esperamos que gostem do programa e deixem suas opiniões, sugestões e críticas! Também não esqueçam de nos seguir em nossas redes sociais. 

Dicas e links

Livro "Línea de Fuego" -  Gioconda Belli (1978)                                                                                              Filme documental "Las Sandinistas" - Jenny Murray (2018)

Conheça nosso entrevistado

Fred Maciel é mestre e doutor em história pela Universidade Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – (campus Franca) e realizou seu pós-doutorado (2020) na Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR (Campus Campo Mourão), instituição na qual atua desde 2021 como professor. Maciel integra também o grupo de pesquisa IPA – Intelectuais e Política na América, bem como foi é revisor de periódicos (NUPEM, Oficina do Historiador e Relaciones Internacionales) e integrou o corpo editorial do periódico História e Cultura.